Tempos depois
vieram os ventos
e disseram
à nuvem:
- Vamos.
E começaram
a empurrar
aquela nuvem
e as outras nuvens
que boiavam
altas e rosadas
sobre o mar.
A princípio,
a gotinha
estremeceu
de medo.
Mas depois
gostou
da viagem.
E as nuvens
viajaram.
Eram como grandes
navios
de algodão em rama.
Andaram
assim
dias e dias
sobre o Mar.
Até que uma tarde,
estava o Sol
a espreitar,
muito vermelho,
Iá tão Ionge
que parecia
quase atrás
do Mar,
a menina
Gotinha de Água
viu que voavam
sobre a Terra.
Olha as praias
Iá em baixo!
E casas!
E meninos
a brincar!
E estradas
e pontes
e automóveis
e comboios
a passar!
Depois
o vento parou.
A gotinha
estremeceu
quando viu
dum lado a outro
do céu
as nuvens escurecerem
como breu.
Olhava
para baixo e via
a terra seca,
os campos secos,
secas as fontes,
as flores
e as searas
murchas,
e os homens
tristes,
muito tristes
sem pão
para darem
aos meninos.
Então,
a menina
Gotinha de Água,
que tinha
nascido no mar
e usava
um vestido de esmeralda
e luar,
pensou:
E se eu fosse
dar de beber
às flores
aos campos,
se eu fosse
matar a sede
e a fome
aos homens
e aos meninos?
E disse
muito alto
às suas irmãzinhas:
- Vamos.
- Vamos.